A Comissão Europeia viu um anúncio de promoção da expansão da União Europeia ser retirado do ar, dado o seu alegado conteúdo xenófobo e racista. “Growing Together” é o nome do filme que, fazendo referência à saga “Kill Bill”, de Quentin Tarantino, retrata três homens, de diferentes etnias, a ameaçar uma mulher caucasiana, a “heroína” da história. À medida que ela caminha por um armazém abandonado, um homem asiático surge, desafiando-a com técnicas de kung-fu. Pouco depois um segundo agressor aparece, trazendo consigo uma espada e envergando um traje tipicamente indiano. Por fim, um homem em tronco nu irrompe por uma porta e dirige-se à mulher com tácticas da arte marcial afro-brasileira capoeira.
A mulher cria então 11 clones de si própria, que rodeiam os atacantes. Ficando em minoria, os três homens baixam os braços e sentam-se no centro do círculo, aceitando a sua derrota. Cada uma das mulheres transforma-se, então, nas 12 estrelas da bandeira da União Europeia. À medida que a imagem se altera, pode ler-se o slogan “The more we are, the stronger we are” (”Quantos mais formos, mais fortes somos”).
De acordo com o blogue Global Spin, da revista Time, o anúncio, que teve um custo de produção de 167 mil dólares (mais de 126 mil euros), foi retirado do ar dias após a sua estreia. Stefano Sannino, director-geral do departamento de Expansão da Comissão Europeia, que produziu o anúncio, acredita que os críticos não compreenderam a mensagem. «O clip retratava personagens típicas de géneros de artes marciais: mestres de kung fu, capoeira e kalaripayattu. Começa com a demonstração das suas técnicas e termina com todas as personagens a demonstrar o seu respeito mútuo, concluindo numa posição de paz e harmonia», garantiu o responsável num comunicado que pode ser lido na íntegra aqui. Stefano Sannino explicou ainda que o vídeo, que se pretendia viral, tinha por objectivo chegar, através das redes sociais e novos media, a um target entre os 16 e os 24 anos, que «compreendem os enredos e temas dos filmes e videojogos de artes marciais». «As reacções deste target ao clip foram, de facto, positivas, bem como as dos membros dos focus grupos com os quais o conceito foi testado», refere.
China, Índia e Brasil representam três dos blocos geopolíticos concorrentes da Europa. Imigração e raça são, desde há muito, tópicos “quentes” da União Europeia, mas o anúncio surge numa altura em que a animosidade está na ordem do dia. Recentemente, durante um debate televisivo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, advogou que a França tem “demasiados estrangeiros”. O chefe de Estado revelou ainda planos de reduzir em 80 mil o número de imigrantes, caso seja re-eleito.
Veja aqui o vídeo que está a gerar polémica:
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