O que pode Portugal exportar?:
Sabia que os sapatos usados por Pippa Middleton no casamento real são portugueses? E que o papel higiénico preferido de Simon Cowell também é nacional? O Financial Times pergunta o que pode Portugal produzir que o mundo queira comprar e dá a resposta através do exemplo de empresas com exportações significativas.
O volume das exportações portuguesas teve um aumento significativo no último ano, de 11,6%, acompanhado de uma diminuição de 3,3% das importações, contribuindo para equilibrar o défice da balança comercial e mostrando ao mundo o potencial da produção portuguesa.
Exemplo dessa tendência é a AutoEuropa, que aumentou as vendas para fora da Europa de 19% em 2010 para 32% só nos primeiros meses deste ano, com a China a destacar-se como mercado de destino da fábrica da Volkswagen. O mercado chinês é, aliás, um grande destinatário da produção nacional, com um volume de exportações nacionais a subir 76% em 2011.
“Uma parte significativa do nosso sucesso pode ser explicada por factores portugueses”, aponta o director executivo da AutoEuropa, António de Melo Pires. “O país investiu significativamente em educação e formação, especialmente em engenharia e produção industrial”, acrescenta. A fábrica soma 60% da sua matéria-prima de fornecedores portugueses e foi responsável por 1,4% do PIB e 4,6% das exportações, em 2011.
No reforço das exportações nacionais, pode notar-se a melhoria da qualidade da produção, que recorre mais agora a tecnologias. “Preços baixos já não são opção para Portugal, porque haverá sempre alguém que consegue produzir mais barato noutro sítio”, sublinha Luís Saramago, o director de marketing da Renova.
O papel higiénico Renova Black, aposta da empresa que conseguiu torná-lo um produto de culto, é até o preferido do ícone televisivo britânico Simon Cowell e um exemplo de inovação e diferenciação, essencial para somar quota de mercado no exterior, considera Luís Saramago.
Tendo exportado metade das suas vendas (130 milhões de euros em 2011) para mais de 60 países, a Renova consegue fazer sucesso no exterior com os lenços de papel perfumados e uma gama ecológica de produtos.
Já a refinadora de azeite e óleo Sovena – que tem o melhor desenvolvimento tecnológico a nível europeu – conseguiu 75% das suas vendas com exportações e está a tentar lançar-se em mercados como a China, a Rússia e a Índia. Jorge de Melo, administrador daquela que já é a segunda maior empresa de azeite e óleo no mundo, afirma que “foram feitos alguns progressos importantes em termos de legislação laboral, mas ainda existem factores de produção como o custo elevado da energia que tornam difícil que os produtos portugueses sejam competitivos no exterior”.
A Helsar, empresa familiar de calçado do Porto, foi a responsável pelos sapatos usados pela irmã e pela mãe de Kate Middleton no casamento real. Com uma quebra no mercado interno, a empresa aumentou as exportações de 9% da sua produção há 6 anos, para 70% actualmente, elevando a qualidade e reconhecimento do calçado português no mundo.
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